Dados do Trabalho


Título

Capacitação para Inferência diagnóstica durante estudo de validação de diagnósticos de enfermagem: relato de experiência

Introdução

O Processo de Enfermagem (PE) é uma ferramenta metodológica que norteia a prática profissional bem como sua documentação, auxiliando o enfermeiro na organização e priorização do cuidado, garantindo a autonomia profissional por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).
O Diagnóstico de Enfermagem (DE), foco desse estudo, trata-se da segunda etapa do PE e consiste no julgamento dos dados coletados na fase de investigação, permitindo ao enfermeiro a identificação dos conceitos que melhor representam as respostas da pessoa, família ou coletividade humana diante dos processos de saúde e doença.
Posto isso, o DE subsidia o processo de tomada de decisão terapêutica pelo enfermeiro e a escolha de intervenções adequadas ao alcance de resultados esperados.

Objetivo

Relatar a experiência vivenciada ao longo do estudo de validação clinica do diagnóstico de enfermagem (DE) Hipotermia (00006) da Taxonomia II da NANDA-I, que consiste em investigar em ambiente clínico real por meio da observação direta, o paciente que possivelmente apresentará tal DE.

Método

Trata-se de um relato de experiência acerca da capacitação de enfermeiros para inferência diagnóstica, considerada padrão de referência para estudos de validação clínica de DE. Para tal, seis enfermeiros pertencentes ao “Grupo de Estudos e Pesquisa em Tecnologia do Cuidar em Enfermagem e Saúde” participaram de uma capacitação que contextualizou sobre o DE Hipotermia, o processo de enfermagem e a clientela cirúrgica. Na sequência, foram avaliados por meio da aplicação de Estudos de Caso (EC) elaborados pela pesquisadora principal e posteriormente passaram por revisão. Tais EC continham 12 histórias clínico-cirúrgicas, sendo que seis apresentavam o referido DE e seis apresentavam outros DE que envolviam a clientela cirúrgica no perioperatório. Foram considerados aptos os enfermeiros que obtiveram níveis aceitáveis de acertos, ou seja, mais do que 85%, e assim foram denominados diagnosticadores. A avaliação dos participantes considerou de acordo com a literatura proposta para esse tipo de estudo os seguintes parâmetros de respostas: eficácia, falso positivo, falso negativo e tendência. Esta capacitação é recomendada para reduzir o impacto de viés do padrão de referência, também chamado de padrão ouro imperfeito. São chamados assim, pela inexistência de padrões de referência ideais para DE, uma vez que não há dispositivo que investigue a resposta humana. A metodologia sugere que seja realizada três repetições de 12 EC quando há três ou mais avaliadores. No entanto, a literatura atual sugere que os EC sejam aplicados uma única vez, visto que atividades complexas como o raciocínio diagnóstico, geralmente requerem processo de reflexão do indivíduo, o que não acontece em processos automáticos.

Discussão e Conclusões

Na primeira rodada da capacitação, os participantes (seis) do referido grupo de pesquisas não foram considerados aptos para prosseguirem como diagnosticadores, uma vez que não obtiveram mais que 85% de acertos. Diante de tal acontecimento foi necessário confeccionar mais 12 EC, em que seis apresentavam o referido DE e seis apresentavam outros DE que envolviam a clientela cirúrgica. A partir dessa segunda rodada, de seis participantes, apenas três atingiram os padrões propostos pela literatura quais sejam: dois participantes apresentaram eficácia aceitável de 1, sendo o padrão 0,9 ou mais e um participante apresentou eficácia marginal de 0,91, sendo o padrão > de 0,8-0,9 com taxa de falso positivo de 0,166.
Percebe-se que a capacitação é essencial para coleta de dados padronizada, minimizando os vieses de coleta, além de promover o aprimoramento da capacidade do sistema cognitivo na detecção e coleta de informações importantes. Destaca-se que mesmo os participantes estando envolvidos com o PE na prática, apresentaram dificuldades na inferência diagnóstica, o que nos revela a necessidade de constante aprimoramento do enfermeiro da prática cirúrgica na coleta de informações dos pacientes no perioperatório.

Conclusões

Portanto, conhecer os determinantes bem como as evidências que contribuem para a detecção precoce da instalação da hipotermia no perioperatório, por meio da inferência diagnóstica acurada é fundamental para a operacionalização das ações do enfermeiro e da equipe cirúrgica, a fim de reduzir os desconfortos, bem como a morbimortalidade causada por esse quadro em CC.

Palavras-chaves

Estudos de Validação, Diagnóstico de enfermagem, Hipotermia, Classificação.

Referências

1. Lopes MVO, Silva VM, Araujo TL. Métodos de pesquisa para validação clínica de conceitos diagnósticos. In: Herdman TH, Carvalho EC. PRONANDA: programa de atualização em diagnósticos de enfermagem. Porto Alegre: Artmed/ Panamericana; 2013.
2. Association of PeriOperative Registered Nurses (AORN). Guideline for perioperative practice. Denver: AORN; 2016. Guideline for prevention of unplanned patient hypothermia; p. 531-54.
3. Guimarães HCQCP, Pena SB, Lopes JL, Lopes CT, Barros ALBL. Experts for validation studies in nursing: new proposal and selection criteria. Int J Nurs Knowl [Internet]. 2016 [acesso 2018 Jan 05];27(3):130-5. Disponível em: https://dx.doi.org/10.1111/2047-3095.12089

Área

SAEP

Autores

ELAINE RIBEIRO, Erika Christiane Marocco Duran, Marisa Dibbern Lopes Correia, Ráisa Camilo Ferreira, Fábio Luis Montanari