Dados do Trabalho


Título

PERFIL DE ENFERMEIROS QUE ATUAM EM CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇAO NO RIO GRANDE DO SUL

Introdução

O Centro de Material e Esterilização (CME) é uma unidade funcional destinada ao processamento de produtos para saúde (PPS)(1). A adequação quantiqualitativa do quadro de pessoal de enfermagem é primordial para a garantir qualidade nos processos desenvolvidos, um desafio comumente enfrentado pelas instituições de saúde (2,3). Assim faz-se necessário o conhecimento do perfil dos profissionais que atuam nos CME.

Objetivo

Identificar o perfil dos enfermeiros que atuam em CME no estado do Rio Grande do Sul (RS).

Método

Estudo descritivo, exploratório de abordagem quantitativa, com amostragem aleatória, a partir de dados fornecidos pelo Conselho Regional de Enfermagem do RS, contendo os hospitais com os respectivos números de leitos. Partindo destas informações foi realizada estratificação pelas subseções e porte hospitalar. O cálculo amostral foi estabelecido em 10% dos hospitais, para cada porte e subseção. A coleta de dados ocorreu por meio de contato eletrônico ou por telefone com os hospitais sorteados, posteriormente foi conduzida uma entrevista online, contendo perguntas abertas e fechadas, com duração aproximada de 45 minutos. A amostra foi constituída por 43 profissionais, os dados foram coletados no período de dezembro de 2022 a maio de 2023. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética sob parecer no 5.269.788 e todos os requisitos para garantir o anonimato dos participantes e instituições foram adotados. Não foram incluídos na amostra os hospitais e profissionais que não responderam ao contato eletrônico dentro do período da coleta.

Resultados

Houve predominância de mulheres (88,4%) entre os entrevistados, com idade entre 24 e 70 anos, tempo de formação médio de 14 anos e de atuação em CME de 7 anos. Quanto ao aperfeiçoamento dos profissionais identificou-se que 76,7% dos enfermeiros possuem curso lato-sensu, enquanto que 11,6%, stricto-sensu, quanto a área destes cursos, 48% dos profissionais possuem formação específica na área de enfermagem perioperatória ou em gestão. Foram identificados um total 18 cursos diferentes de pós-graduação, destes, 88,4% são de áreas distintas de CME, Centro Cirúrgico ou Gestão. Além disso, foi constatado que 60,5% dos enfermeiros assumem outras unidades além do CME durante a sua jornada de trabalho e, tal prática foi percebida em todos os portes institucionais, entretanto, em instituições de pequeno porte (90%) e de médio porte (68,8%) esta rotina foi mais frequente, com diferença significativa (p<0,05). Em relação às instituições, todas as subseções estão representadas, o que garantiu a abrangência geográfica de todo o território estadual, as subseções que tiveram maior prevalência foram Porto Alegre (20,9%), Passo Fundo (18,6%), Santa Rosa (18,6%) e Caxias (11,6%). Quanto ao porte das instituições, identificou-se uma predominância de hospitais de médio (37,2%) e grande porte (34,9%).

Conclusões

Percebe-se que o perfil dos enfermeiros que atuam em CME no RS é predominantemente feminino, experiente e especialista, no entanto, a formação complementar em áreas distintas à prática exercida no CME pode comprometer a qualidade dos processos desenvolvidos. Além disso, a dificuldade da manutenção do enfermeiro exclusivamente para o CME durante a jornada de trabalho, conforme previsto na legislação nacional, pode refletir diretamente na segurança dos pacientes, elevando o risco ao controle e liberação de PPS processados. Desta forma, faz-se necessário refletir mais sobre a adequação quantiqualitativa do quadro de enfermeiros nos CME.

Palavras-chave

Gestão de Recursos Humanos, Recursos Humanos de Enfermagem, Esterilização, Redução de Pessoal.

Referências

1 BRASIL. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 2012. Disponível em: http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/112548-15.html. Acessado em:11/01/2023

2 OLIVEIRA, J. L. C. et al. Benchmarking de indicadores de qualidade e dimensionamento de pessoal de enfermagem entre unidades hospitalares. Revista Baiana de Enfermagem, Salvador, v. 34, e37756, 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.18471/rbe.v34.37756. Acessado em:15/03/2023

3 LUCON, S. M. R. et al. Formação do enfermeiro para atuar na central de esterilização. Revista SOBECC, São Paulo, v. 22, p. 90-97, 2017. DOI: 10.5327/Z1414-4425201700020006. Disponível em: https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/174. Acessado em:15/03/2023

Área

Gestão

Autores

Luciano Lemos Doro, Daniela Silva dos Santos Schneider, Vivian Lemes Lobo Bittencourt, Graciele Torezan, João Lucas Campos de Oliveira, Ana Maria Müller de Magalhães