Dados do Trabalho

Título

O DESCARTE DE EXPLANTES NO CONTEXTO GLOBAL: REVISAO DE ESCOPO

Introdução

Explantes são dispositivos médicos oriundos de órteses, próteses e produtos especiais retirados do corpo através de procedimento cirúrgico. O conhecimento de melhores práticas permite que o tratamento desses materiais contorne ações ambientais nocivas e promova sustentabilidade através do descarte correto, reciclagem, ou reaproveitamento.

Objetivo

Mapear o processo de descarte de explantes oriundos da assistência à saúde no contexto global.

Método

Revisão de escopo conforme a metodologia do Joanna Briggs Institute Reviewers’ Manual². A coleta de dados ocorreu em julho de 2023 através do Portal BVS e de seis bases de dados a saber: PubMed, CINAHL, EMBASE, WEB OF SCIENCE, SciELO e SCOPUS. Foi realizada busca de literatura cinzenta através do Google Scholar. Do total de 1756 documentos, a amostra foi composta de 11 estudos que atenderam aos critérios de elegibilidade: publicação nos últimos 10 anos em português, inglês ou espanhol. Editoriais e artigos de opinião não pautados em pesquisas científicas foram excluídos.

Resultados

Dos 11 estudos, 1 era estrangeiro e 10 brasileiros. Seis estudos foram realizados em hospitais públicos e 1 em hospitais públicos e privados. Dois foram conduzidos em hospitais de médio porte e três de grande porte. Três estudos não informaram o porte e um não informou o tipo de hospital. Três não foram desenvolvidos em hospitais. Majoritariamente, os artigos investigam a implementação e cumprimento da RDC Nº15, de 15 de Março de 2012, em hospitais. Tal resolução discorre sobre as boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Conforme os estudos nacionais, o fluxo dos explantes consiste na identificação e encaminhamento do material para o CME, onde ocorre limpeza e esterilização. Em 81,8% (9 estudos), o destino final da peça pode ser: a reciclagem através de empresa licenciada; ficar sob posse do paciente; voltar para o fabricante ou ficar sob posse de instituições de pesquisa. Ferramentas para monitorização deste fluxo têm sido desenvolvidas para implementação nos hospitais que possuem bloco cirúrgico a fim de averiguar o cumprimento do proposto pela RDC. Demonstrou-se que a implementação da resolução nos hospitais aumenta sua eco sustentabilidade. Ademais, os artigos abordam que o descarte indevido aumenta não só o impacto ambiental mas também a biossegurança. A reciclagem é apontada como uma alternativa benéfica à economia e ao meio ambiente. Entretanto, nem todos os serviços obtiveram 100% de êxito no cumprimento do proposto pela RDC. Entre as adversidades, tem-se a dificuldade de encontrar empresas licenciadas, a distância e o custo para o transporte dos explantes. Consoante ao estudo internacional, para proteção ambiental o governo sueco alterou sua regulamentação em 2016, tornando obrigatória a reciclagem dos explantes metálicos retirados de um indivíduo cremado. Esses explantes são enviados para empresas de reciclagem e, até 2020, 60 toneladas de metais valiosos foram resgatados, equivalente a 15 milhões de dólares.

Conclusões

A literatura internacional é escassa sobre a temática. A grande quantidade de estudos brasileiros possivelmente é oriunda da RDC que menciona a problemática. Contudo destaca-se que a implementação de fluxos voltados para a captação dos explantes traz benefícios ambientais e econômicos em termos de sustentabilidade. Entretanto, os serviços de saúde encontram dificuldades estruturais para implementar fluxos em sua totalidade.

Palavras-chaves

Próteses e implantes; Cirurgias Ortopédicas; Gerenciamento de Resíduos; Logística Reversa; Desenvolvimento Sustentável.

Referências

1. Figueira, Silvia Helena da Silva. Ferramenta eletrônica para o gerenciamento de explantes ortopédicos em tempo real. Trabalho de conclusão de curso de Mestrado Profissional de Saúde e Tecnologia no Espaço Hospitalar. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2021. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2022/05/1367745/dissertacao-silvia-helena-figueira-para-publicacao.pdf. Acesso em: 25/07/2023

2. Institute TJB. Joanna Briggs Institute Reviewers' Manual: 2022 Edition. [Internet]. Adelaide: Joanna Briggs Institute; 2022. Disponível em: http://joannabriggs.org/assets/docs/sumari/ReviewersManual-2014.pdf.. Acesso em: 02/08/2023.

3. Lidgren L, Raina DB, Tägil M, Tanner KE. Recycling implants: a sustainable solution for musculoskeletal research. Lund. Acta Orthop. 2020;91(2):125. doi:10.1080/17453674.2019.170630. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7144250/. Acesso em: 27/07/2023.

Área

OPME