Dados do Trabalho


Título

PERCEPÇAO DE ENFERMEIROS SOBRE A SUSTENTABILIDADE DO MANEJO DA SEDE EM SALA DE RECUPERAÇAO POS-ANESTESICA

Introdução

O Modelo de Manejo da Sede reúne e sistematiza as melhores evidências sobre o tema para aplicação pela equipe de enfermagem perioperatória, tratando um desconforto prevalente e intenso do paciente cirúrgico1. Após sua implementação, o grande desafio para as equipes de saúde é a sustentabilidade desta evidência na prática clínica, ou seja, a manutenção constante de inovações e de cuidados de qualidade ao longo do tempo2, o que justifica a relevância do presente estudo.

Objetivo

Desvelar a percepção de enfermeiros sobre as barreiras e facilitadores para a sustentabilidade do manejo da sede.

Método

Pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, realizada com sete enfermeiros de Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) de um Hospital escola de grande porte no Sul do Brasil, que tem o Modelo de Manejo da Sede implementado há 9 anos. As entrevistas foram realizadas a partir de roteiro semi-estruturado, gravadas e transcritas. A amostra foi aleatória, determinada pela saturação dos dados nas entrevistas. A análise dos dados se deu pelo referencial metodológico de Bardin3. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos, CAAE 13638519.1.0000.5231.

Resultados

Os discursos foram submetidos a análise de conteúdo, emergindo duas categorias relacionadas a barreiras e facilitadores. Em relação às barreiras, duas sub-categorias se destacaram, ambas relacionadas a recursos humanos. A primeira delas relaciona-se a alta rotatividade de funcionários no setor em que os enfermeiros entrevistados trabalhavam. Desta forma, a barreira destacada foi a necessidade de treinamentos frequentes para que esses novos profissionais sejam capacitados a realizar o manejo da sede de forma correta. Outra barreira destacada pelos enfermeiros entrevistados foi a dificuldade de entendimento de alguns funcionários quanto à aplicação e registro do Manejo da Sede pediátrico. O terceiro pilar do Manejo da Sede refere-se ao Protocolo de Segurança do Manejo da Sede na criança que é validado para aplicação por enfermeiros. Desta forma, os participantes da pesquisa reiteraram a necessidade dos enfermeiros de fato se apropriarem deste cuidado que lhes é privativo e não delegar à equipe técnica. No que se refere aos facilitadores, duas sub-categorias emergiram. A primeira delas se refere à preparação da estratégia de manejo da sede, picolé de gelo, pela nutrição. Os entrevistados destacaram que o apoio da equipe de nutrição, ao confeccionar os picolés de acordo com as boas práticas de manipulação de alimentos, e realizar a logística de dispensação para a SRPA, otimiza o atendimento ao paciente com sede, e permite que a equipe assistencial tenha mais tempo para o cuidado. A outra sub-categoria de facilitadores destacados, foi o apoio do Grupo de Estudo e Pesquisa da Sede (GPS) da Universidade Estadual de Londrina, que permite constante atualização sobre o tema e envolvimento da equipe tornando possível a realização correta do Manejo da Sede na prática.

Conclusões

Compreender as barreiras e facilitadores para a sustentabilidade do manejo da sede em SRPA é fator crucial para que essa evidência se mantenha implementada na prática clínica, beneficiando os pacientes cirúrgicos. Potencializar os facilitadores e buscar estratégias para transpor as barreiras evidenciadas, como alvo de estudos futuros, poderá definir como essa inovação continuará sendo utilizada ao longo dos anos no período perioperatório.

Palavras-chave

Sede; Enfermagem em pós-anestésico; Prática clínica baseada em evidências.

Referências

1. Nascimento LAD, Garcia AKA, Conchon MF, Aroni P, Pierotti I, Martins PR, Nakaya TG, Fonseca LF. Advances in the Management of Perioperative Patients' Thirst. AORN J. 2020 Feb;111(2):165-179. doi: 10.1002/aorn.12931. PMID: 31997333.

2. Hailemariam M, Bustos T, Montgomery B, Barajas R, Evans LB, Drahota A. Evidence-based intervention sustainability strategies: a systematic review. Implement Sci. 2019 Jun 6;14(1):57. doi: 10.1186/s13012-019-0910-6. PMID: 31171004; PMCID: PMC6554955.

3. Bardin L. Análise de conteúdo: edição revisada e ampliada. 7. ed. São Paulo, SP; 2011.

Área

Recuperação Pós-Anestésica

Autores

Luisa Arietti Andriotti, Isadora Pierotti, Aline Korki Arrabal Garcia, Giovanna de Sales Rocha, Gabriela Encarnação Leandro, Beatriz Zago Lupepsa, Marilia Ferrari Conchon