Dados do Trabalho


Título

A Importância da Dupla Checagem em uma CME: Relato de Experiência

Introdução

A Central de Material e Esterilização (CME) é responsável por receber, processar e distribuir os produtos para a saúde (PPS) esterilizados garantindo que estejam prontos para uso em procedimentos cirúrgicos. Para garantir a segurança do paciente, durante a distribuição de materiais, implantou-se uma nova barreira de proteção através de uma prévia checagem por dois enfermeiros, conferindo a qualidade do material reprocessado antes da distribuição, para minimizar o risco de não conformidade no dia do procedimento cirúrgico.

Objetivo

Destacar a importância da prévia dupla checagem na inspeção pelos enfermeiros antes da distribuição de material em uma CME como uma barreira de proteção para a segurança do paciente em um Centro Cirúrgico Geral (CCG).

Método

Relato de experiência, a partir da vivência de Enfermeiros em uma CME, Classe II, responsável pelo reprocessamento de materiais utilizados em procedimentos no CCG de um hospital universitário no Município do Rio de Janeiro. Durante o procedimento cirúrgico, a equipe do CCG apontava não conformidades nos materiais, solicitando à equipe da CME um outro material semelhante. Se não disponível conforme a necessidade, o procedimento era adiado ou suspenso. Visando a redução da prevalência de não conformidades, os enfermeiros da CME aderiram o hábito de inspecionar no final do plantão, em dupla, os materiais reprocessados armazenados que serão utilizados no dia seguinte, de acordo com o mapa cirúrgico da data posterior fornecido pelo CCG. Além da quantidade, é realizada a conferência de itens como rotulagem com identificação, data de validade, integridade da embalagem, ausência de sujidade e fita zebrada confirmando a passagem pelo processo de esterilização pela autoclave. No momento da checagem, se um PPS que será utilizado no dia seguinte apresentar alguma não conformidade na guarda, um enfermeiro encaminha o material à sala de entrada de material sujo para reiniciar completamente o reprocessamento.

Discussão e Conclusões

Observou-se uma redução na prevalência de não conformidades de materiais reprocessados entregues na data do procedimento no CCG e uma queda de adiamento ou suspensão de cirurgias por falta de materiais reprocessados solicitados pela equipe cirúrgica.

Conclusões

A prévia dupla inspeção na CME dos materiais cirúrgicos reduz as chances de uma não conformidade causar danos como Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), adiamento ou cancelamento de uma cirurgia previamente agendada ao paciente. Com a prévia checagem e em dupla, há maiores chances de detectarmos se há falha precocemente, minimizando o risco de suspenção de cirurgia por falta de material estéril necessário. Se detectado algum problema, o material retorna à etapa inicial de reprocessamento para garantir a qualidade da assistência e a segurança do paciente. Prevenção, monitoramento e redução da incidência de eventos adversos nos procedimentos cirúrgicos realizados promovem a melhoria contínua relacionada à segurança do paciente em um setor de apoio. Através de uma cuidadosa investigação aplicada precocemente, é possível a identificação de presumíveis falhas e aplicação de ações corretivas preventivas. O Enfermeiro na CME deve enfrentar obstáculos da prática diária para a eficiência da operacionalização do setor, a fim de implementar a cultura da segurança do paciente para alcançar a qualidade como um importante determinante na assistência cirúrgica.

Palavras-chaves

Esterilização; SEGURANÇA do paciente; QUALIDADE da assistência à saúde.

Referências

Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização - SOBECC. Práticas recomendadas da SOBECC. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.

Brasil. Ministério da Saúde. Resolução da Diretoria Colegiada nº 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Brasília; 2012 [acesso em 5 jun 2023]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html

Área

Segurança do paciente

Autores

Dayse Kelly Lopes Lima, Barbara Pompeu Christovam