Dados do Trabalho


Título

Mapeamento do fluxo e do lead time do paciente cirúrgico em um hospital universitário.

Introdução

O centro cirúrgico é uma unidade destinada a realização de procedimentos cirúrgicos, recuperação pós-anestésica e pós-operatório imediato(1)e tem potencial para alta produtividade com a oferta de serviços assistenciais essenciais para o setor público e privado. O lead time do paciente cirúrgico é o tempo que compreende a indicação da cirurgia e a realização do procedimento, portanto, mapear o fluxo e o lead time do paciente cirúrgico permite identificar oportunidades de melhoria. Nessa perspectiva, as práticas, conceitos e princípios do lean healthcare podem ser utilizados para enxergar desperdícios ao longo de um processo e direcionar a otimização dos recursos, o aumento de produtividade, o melhor aproveitamento das horas de trabalho da equipe e a melhor experiência do paciente (2;3).

Objetivo

Identificar o fluxo e o lead time do paciente cirúrgico.

Método

Estudo de caso desenvolvido em um hospital universitário situado no interior paulista. A coleta de dados foi realizada no banco de dados da fila cirúrgica do hospital janeiro a fevereiro de 2023. Critério de inclusão: pacientes com avaliação realizada em 2022. Critérios de exclusão: pacientes que dependiam de insumos ou de exames não disponíveis; pacientes com necessidade de reabordagem cirúrgica; e pacientes com indicação de anestesia local. Do total de 398 pacientes identificados, 191 tiveram os dados selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão.

Discussão e Conclusões

O fluxo cirúrgico possui 9 etapas (avaliação/indicação cirúrgica, agendamento de exames, realização de exames de imagem e métodos gráficos, realização de exames laboratoriais, agendamento de avaliação de risco cirúrgico, avaliação de risco anestésico, avaliação de risco cardiológico, agendamento cirúrgico e realização da cirurgia) e para executá-las os pacientes retornaram ao hospital várias vezes, 39% (n=74) compareceram 4 vezes; 46% (n=88) 5 vezes; 13% (n=25) 6 vezes e 2% (n=4) 7 vezes. Em relação ao lead time identificou-se que 37% (n=71) pacientes demoraram dois meses entre a avaliação/indicação cirúrgica e a realização da cirurgia; 34% (n=65) pacientes tiveram até 4 meses; 10% (n=19) demoraram 6 meses e 20% (n=36) demoraram mais que 6 meses. Os resultados evidenciam que não há uma padronização de tempos entre as etapas do fluxo, há desperdício de tempo, movimentação e recursos entre as etapas, especialmente do ponto de vista do paciente que retorna muitas vezes ao hospital. Assim, identificar o fluxo e o lead time do paciente cirúrgico, permitiu que os desperdícios nas etapas do processo fossem evidenciados demonstrando uma grande oportunidade de melhoria. Como limitação, o estudo não avaliou o lead time do paciente cirúrgico com embasamento na gravidade do quadro clínico dos pacientes que estavam na fila cirúrgica.

Conclusões

Evidenciou-se falta de padronização dos tempos entre as etapas do fluxo cirúrgico e que o paciente comparecia ao hospital várias vezes até a realização do procedimento cirúrgico, demonstrando que uma proposta que vislumbre um fluxo mais enxuto, com foco na otimização dos processos e melhor aproveitamento dos recursos, pode resultar em maior produtividade da unidade, mais humanização do cuidado e maior satisfação do paciente.

Palavras-chaves

Gestão de serviços de saúde; Lean Seis sigma; Melhoria Contínua da Qualidade; Procedimentos Cirúrgicos Eletivos; Listas de Espera

Referências

1. Possari, João Francisco. Dimensionamento de pessoal de enfermagem em Centro Cirúrgico. Rev.SOBECC com você no Bloco Operatório. São Paulo. Ano IV, n.17. jan/mar. 2018.
2. Graban, M. Hospitais Lean: melhorando a qualidade, a segurança dos pacientes e o envolvimento dos funcionários. Tradução Raul Rübenik. 2 ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 293 p.
3. RODRIGUES, A.C.O.; AFFONSO NETO, A. Aplicação do Lean no setor de saúde: estudo de caso em um hospital geral. Journal of Lean Systems, v.2, n.2, p.46-67, 2017. Disponível em: 2015_AnaCristinadeOliveiraRodrigues.pdf (unb.br). Acesso: 17 jul. 2023

Área

Gestão

Autores

Álvaro Marçal Nunes dos Santos, Renata Elizabete Pagotti da Fonseca, Lucimar Retto da Silva Avó, Valéria Cristina Gabassa