Dados do Trabalho


Título

Criação e implantação do monitoramento do processo de limpeza no CME utilizando Google forms

Introdução

A limpeza de produtos para saúde no Centro de Material e Esterilização (CME) consiste na remoção de sujidades e detritos orgânicos e inorgânicos visíveis para reduzir a carga microbiana. A limpeza pode ser manual ou automatizada. A RDC 15/2012 preconiza que a limpeza automatizada deve ter monitoramento periódico da qualidade do processo.

Objetivo

Descrever a criação e implantação do monitoramento do processo de limpeza do CME de hospital de ensino.

Método

Estudo descritivo do tipo relato de experiência sobre a criação e implantação de um formulário informatizado, utilizando o Google Formulários®, para registros dos testes de limpeza, químicos e visuais, em equipamentos automatizados. Esse relato refere-se ao período de março a julho de 2023.

Discussão e Conclusões

Primeiramente houve a definição do tipo de teste, por meio de pesquisa de mercado, com seleção do teste químico na apresentação de uma tira de papel impregnada com agentes químicos inócuos à saúde e que simulam sujidade de sangue, apresentando desafio ao processo de limpeza. Outros testes avaliados foram aprovados, mas a seleção ocorreu por critérios econômicos.
A frequência mínima foi definida pelo Comitê de Processamento de Produtos para Saúde como semanal em cada equipamento e sempre que houver manutenção ou dúvidas sobre a eficácia do processo.
Depois, foi elaborado um formulário, utilizando o Google Formulários®, contendo na 1ª seção: responsável pelo teste, data, horário e o tipo do equipamento (Lavadora Ultrassônica ou Termodesinfectora). Após selecionar o tipo de equipamento, o profissional indica o equipamento testado (três lavadoras Ultrassônicas e quatro Termodesinfectoras).
Na 2ª seção, estão os itens a serem avaliados antes de realizar o teste. Para as Termodesinfectoras são: equipamento externamente limpo; reservatórios de detergente preenchidos e identificados; câmara interna limpa; e, racks; braçadeiras, mangueiras e traquéias estão adequados para uso. Para as Ultrassônicas, adicionam-se: temperatura programada (45°C); está atingindo esta temperatura; e, os jets de limpeza estão conectados corretamente e funcionantes. Em seguida, seleciona-se o tipo de teste: visual, químico ou ambos; e o local (prateleira) em que foi colocado. Adiciona-se o registro fotográfico da carga e do teste, realiza o ciclo de limpeza e, posteriormente, insere a imagem do teste após o processo.
Na 3ª seção, o enfermeiro avalia se o equipamento está aprovado ou reprovado e envia à supervisão. Na reprovação, o enfermeiro comunica imediatamente à gerência para providências e o equipamento permanece parado até a realização de novo teste.
Foram realizados 73 testes, sendo 49 (67,1%) a tarde e 24 (32,9%) de manhã; 54 (74%) em Termodesinfectoras e 19 (26%) em Ultrassônicas, o número menor de testes em Ultrassônica justifica-se pelo fato de alguns destes equipamentos estarem em manutenção no período da coleta.
Nos testes das termodesinfectoras, 38 (70,4%) foram considerados aprovados e 16 (29,6%) reprovados. Considerando as Ultrassônicas, 17 (85%) aprovados e 03 (15%) reprovados.
Na avaliação dos equipamentos após reprovações foram encontrados problemas como teste mal posicionado na câmara, quantidade insuficiente de detergente, sujidades bloqueando saídas de água, injeção inadequada de detergente ou lotes de detergentes enzimáticos inadequados.

Conclusões

O uso do formulário para monitoramento dos testes de limpeza foi eficaz pela facilidade de manuseio, aceitação pela equipe, armazenamento seguro, permanente e sustentável dos dados e monitoramento contínuo e imediato do processo.
A não regularidade dos resultados evidenciou a necessidade de ampliar a frequência de realização dos testes, aumentando a segurança do processo e dos pacientes.

Palavras-chaves

Enfermagem, Centro de Esterilização,Informática em Enfermagem

Referências

1. Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção relacionada à assistência à saúde (APECIH). Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. 4. ed. São Paulo: APECIH; 2021. 464 p.
2. Sociedade Brasileira de Enfermeiros do Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização (SOBECC). Diretrizes de práticas em enfermagem cirúrgica e processamento de produtos para saúde. 7. ed. São Paulo: SOBECC; 2017.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC No 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União [Internet]. 2012 Mar 12 [cited 2021 Sep 07].

Área

Prevenção e Controle de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde

Autores

Rafael Silva Marconato, Nelisa Abe Cruz Almeida, Ana Carolina Santos Britto, Vanessa Mangani Menke Rocco, Lilia Moraco, Eliane Molina Psaltikidis, Aline Maino Pergola-Marconato