Dados do Trabalho

Título

INTERVENÇOES PARA PREVENÇAO DE LESAO DECORRENTE DO POSICIONAMENTO CIRURGICO EM DECUBITO DORSAL

Introdução

Todo paciente submetido à cirurgia está em risco de lesão relacionado a posição necessária para o procedimento.¹ Existem diversos tipos de posicionamento cirúrgico e todos necessitam de um adequado planejamento das ações da equipe perioperatória para ofertar uma assistência segura e de qualidade.² Destaca-se a posição em decúbito dorsal, não menos importante que os outros tipos de posicionamento, e mais frequente posição utilizada nos procedimentos, que também requer intervenções específicas da equipe em sala operatória para diminuir os riscos de lesão devido à pressão extra na pele sobre o occipital, escápulas, processos olecranianos, sacro, cóccix e calcâneo.³

Objetivo

Identificar as intervenções realizadas pelos profissionais em salas operatórias para prevenir lesões nos pacientes posicionados em decúbito dorsal.

Método

Estudo transversal, observacional, de caráter descritivo e abordagem quantitativa que foi realizado em um hospital público de grande porte em Salvador, Bahia entre os meses agosto a outubro de 2022. Foram incluídos na pesquisa procedimentos cirúrgicos eletivos e de urgência em que o posicionamento na mesa operatória foi o decúbito dorsal. Foram excluídos procedimentos cirúrgicos com duração inferior a 1 hora e realizados em pacientes com algum tipo de precaução previamente identificados. A coleta de dados aconteceu nas salas operatórias através de observação direta, a partir de um instrumento estruturado, elaborado pelas autoras e baseado nas diretrizes de práticas em enfermagem perioperatória e processamento de produtos para saúde da Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização. O estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) com o protocolo Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) nº 60315422.0.0000.5028 e de acordo com o parecer nº 5.565.031, de 5 de agosto de 2022.

Resultados

Foram observados 31 procedimentos cirúrgicos, sendo 24 (77,42%) eletivos e 7 (22,58%) de urgência. 15 pacientes cirúrgicos possuíam idade menor que 60 anos (48,38%) e 16 com igual ou superior a 60 anos (51,62%). Das intervenções observadas na região da cabeça, 28 (90%) utilizaram travesseiro de apoio, 30 (97%) realizaram alinhamento mento-esternal, cabeça e coluna e em 24 (77%) foi realizado a proteção dos olhos. Das realizadas na região dos braços, 31 (100%) ficaram em braçadeiras ou alinhados ao longo do corpo. 23 (71%) mantiveram a angulação de 90º, além disso, houve proteção dos cotovelos em 17 (54%). Das intervenções realizadas nos membros inferiores, 31 (100%) estavam com as pernas descruzadas, 30 (97%) não utilizaram travesseiros abaixo do joelho, 4 (13%) utilizaram travesseiros abaixo da panturrilha, e em 26 (84%) os pés permaneceram de forma neutra. Apenas 7 (23%) procedimentos cirúrgicos observados utilizaram faixa larga compressiva para fixação do paciente na mesa operatória.

Conclusões

Este estudo permitiu a identificação das intervenções realizadas pelos profissionais em salas operatórias para prevenir lesões nos pacientes posicionados em decúbito dorsal. Destaca-se que há um déficit nas intervenções realizadas em membros inferiores quando correlacionadas com as intervenções de cabeça e braços. Sugere-se o desenvolvimento de um instrumento padronizado e a implementação de educação permanente voltados para assistência ao paciente posicionado em decúbito dorsal.

Palavras-chave

Decúbito dorsal, Salas cirúrgicas, Segurança do paciente, Equipe de assistência ao paciente.

Referências

1. Burlingame BL. Guideline Implementation: Positioning the Patient. AORN J. 2017;106(3):227-237.

2. Supine. AORN J. 2020;111(6):17-18.

3. Spruce L. Positioning the Patient. AORN J. 2021;114(1):75-84.